Olá queridos leitores!
Algo
que tem nos auxiliado dentro do Projeto de Extensão de Inclusão de Surdos no Ensino de Química, oferecido pelo Centro de Ciências da UFJF, a compreender as especificidades da educação para surdos
são as leituras relativas à Pedagogia Visual.
Mas o que é essa Pedagogia?
Antes
de compreendê-la, vale ter em conta que existem linguagens não verbais que fazem
parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Dentre elas está a linguagem imagética,
que tem como foco o uso de imagens para explorar um conceito, uma ideia ou
apresentar uma situação. A semiótica imagética é um ramo dessa linguagem.
Campello
(2007) explica que a semiótica imagética é um estudo novo
e um novo campo visual no qual se insere a cultura surda. “É a imagem em Língua
de Sinais, onde vocês podem transportar qualquer imagem ou signos em desenhos
ou figuras em Língua de Sinais [...]” (CAMPELLO, 2007, p. 106).
A
língua de sinais na comunidade surda exerce o papel de propiciadora de inserção
cultural, sendo por meio dela que o indivíduo surdo passa ter contato com seus
pares, com sua cultura o que favorece diretamente o desenvolvimento de sua identidade.
É através da língua de sinais que os surdos têm a garantia de acesso aos
saberes científicos construídos em nossas escolas. Segundo Vygotsky (1999) os
conceitos são construções culturais, que vão sendo internalizadas pelo
indivíduo no decorrer do processo de desenvolvimento. No entanto, no que diz
respeito ao processo de aquisição de conceitos por indivíduos surdos,
destacamos que além da oferta de educação em sua primeira língua, garantida sob
força do decreto nº 5.626 (BRASIL, 2005), a utilização de recursos visuais como
suporte para tal aquisição, atualmente nomeadas pedagogia visual Buzar (2009),
tem se apresentado como uma prática pedagógica que visa à garantia da
aprendizagem significativa para essa parcela da sociedade. Kelman (2011) nos
remete ao fato de que além da utilização da linguagem oral e da língua de
sinais nos processos de ensino/aprendizagem, a utilização de recursos visuais
variados pode contribuir significativamente para a aprendizagem de crianças
surdas, salientando a necessidade de que esses recursos estejam inseridos nas
estratégias pedagógicas direcionadas aos alunos. Corroborando com a autora,
Simões, Zava, Silva e Kelman (2011, p.3609) destacam que “o ensino de alunos
surdos apoia-se em duas vertentes, o bilinguismo e o uso de recursos especiais,
baseados na experiência visual”.
Sendo
assim, o uso das imagens é algo que o professor de química e de ciências pode
ir adquirindo ao conviver com a comunidade surda e, com isso, ir construindo a
consciência linguística do outro.
Para
compreender melhor sobre a Pedagogia Visual e quais aportes teóricos a
acompanham, deixamos como sugestão a leitura do texto: Pedagogia Visual/Sinal na Educação dos Surdos – Ana Regina e Souza
Campello. Disponível em PDF:
<http://editora-arara-azul.com.br/estudos2.pdf>. (p. 100-131).
REFERÊNCIA:
BUZAR, E. A. S. A Singularidade
visuo-espacial do sujeito surdo: implicações educacionais. Dissertação de
mestrado. Brasília: Faculdade de Educação da UnB, 2009.
KELMAN, C. A. Significação e
aprendizagem do aluno surdo. In MARTÍNEZ, A.
M. & TACCA, M. C. V. R. (Orgs.) Possibilidades de aprendizagem: ações
pedagógicas para alunos com dificuldade e deficiência. Campinas, SP: 2011.
CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Pedagogia
Visual: sinal na Educação de Surdos. In:
QUADROS, R. W; PERLIN. G. (Org). Estudos
Surdos II. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2007, p. 101-131.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da
Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo,
Martins Fontes, 1989, Obras escogidas V. Visor. Madrid, 1997.
Mariana Bueno Ribeiro Mendes – Graduanda em
Pedagogia UFJF
Sâmela Lessa – Graduanda em Licenciatura em Química
UFJF
Vinícius da Silva
Carvalho- Mestrando em Educação Química pelo PPGQ/UFJF.
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