segunda-feira, 18 de julho de 2016

Vocês já ouviram falar em Pedagogia Visual?



 Olá queridos leitores!


Algo que tem nos auxiliado dentro do Projeto de Extensão de Inclusão de Surdos no Ensino de Química, oferecido pelo Centro de Ciências da UFJF, a compreender as especificidades da educação para surdos são as leituras relativas à Pedagogia Visual. 

Mas o que é essa Pedagogia?

Antes de compreendê-la, vale ter em conta que existem linguagens não verbais que fazem parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Dentre elas está a linguagem imagética, que tem como foco o uso de imagens para explorar um conceito, uma ideia ou apresentar uma situação. A semiótica imagética é um ramo dessa linguagem. 

 
Campello (2007) explica que a semiótica imagética é um estudo novo e um novo campo visual no qual se insere a cultura surda. “É a imagem em Língua de Sinais, onde vocês podem transportar qualquer imagem ou signos em desenhos ou figuras em Língua de Sinais [...]” (CAMPELLO, 2007, p. 106).
A língua de sinais na comunidade surda exerce o papel de propiciadora de inserção cultural, sendo por meio dela que o indivíduo surdo passa ter contato com seus pares, com sua cultura o que favorece diretamente o desenvolvimento de sua identidade. É através da língua de sinais que os surdos têm a garantia de acesso aos saberes científicos construídos em nossas escolas. Segundo Vygotsky (1999) os conceitos são construções culturais, que vão sendo internalizadas pelo indivíduo no decorrer do processo de desenvolvimento. No entanto, no que diz respeito ao processo de aquisição de conceitos por indivíduos surdos, destacamos que além da oferta de educação em sua primeira língua, garantida sob força do decreto nº 5.626 (BRASIL, 2005), a utilização de recursos visuais como suporte para tal aquisição, atualmente nomeadas pedagogia visual Buzar (2009), tem se apresentado como uma prática pedagógica que visa à garantia da aprendizagem significativa para essa parcela da sociedade. Kelman (2011) nos remete ao fato de que além da utilização da linguagem oral e da língua de sinais nos processos de ensino/aprendizagem, a utilização de recursos visuais variados pode contribuir significativamente para a aprendizagem de crianças surdas, salientando a necessidade de que esses recursos estejam inseridos nas estratégias pedagógicas direcionadas aos alunos. Corroborando com a autora, Simões, Zava, Silva e Kelman (2011, p.3609) destacam que “o ensino de alunos surdos apoia-se em duas vertentes, o bilinguismo e o uso de recursos especiais, baseados na experiência visual”.
Sendo assim, o uso das imagens é algo que o professor de química e de ciências pode ir adquirindo ao conviver com a comunidade surda e, com isso, ir construindo a consciência linguística do outro.
Para compreender melhor sobre a Pedagogia Visual e quais aportes teóricos a acompanham, deixamos como sugestão a leitura do texto: Pedagogia Visual/Sinal na Educação dos Surdos – Ana Regina e Souza Campello. Disponível em PDF: <http://editora-arara-azul.com.br/estudos2.pdf>. (p. 100-131).

REFERÊNCIA:

BUZAR, E. A. S. A Singularidade visuo-espacial do sujeito surdo: implicações educacionais. Dissertação de mestrado. Brasília: Faculdade de Educação da UnB, 2009.
KELMAN, C. A. Significação e aprendizagem do aluno surdo. In MARTÍNEZ, A. M. & TACCA, M. C. V. R. (Orgs.) Possibilidades de aprendizagem: ações pedagógicas para alunos com dificuldade e deficiência. Campinas, SP: 2011.
CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Pedagogia Visual: sinal na Educação de Surdos. In: QUADROS, R. W; PERLIN. G. (Org). Estudos Surdos II. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2007, p. 101-131.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo, Martins Fontes, 1989, Obras escogidas V. Visor. Madrid, 1997.

Mariana Bueno Ribeiro Mendes – Graduanda em Pedagogia UFJF
Sâmela Lessa – Graduanda em Licenciatura em Química UFJF
Vinícius da Silva Carvalho- Mestrando em Educação Química pelo PPGQ/UFJF.

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