segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Comunicação e estratégias de ensino: atenção ao planejar ações e atividades


Olá queridos leitores!
Como vem sendo dialogado em nosso blog, além de conversar sobre o ensino de química, estamos em busca de orientar professores, escolas e familiares para um ensino consciente com alunos surdos. Hoje vamos nos dirigir a professores que estão iniciando o ano letivo com alunos surdos na sala de aula, mas que são leigos sobre o surdo e sua cultura.
Acreditamos que os primeiros passos para uma boa relação em sala de aula acontecem com o processo investigativo de reconhecer sua classe e as diversas identidades culturais que a compõe. Esse conhecimento se torna um grande aliado na hora do planejamento e na busca de recursos e estratégias de ensino a serem aplicadas nesse espaço.
O professor ao identificar um aluno surdo em sala de aula necessita questionar as estratégias de ensino, empregadas com turmas de alunos ouvintes e compreender como acontece o processo de comunicação em uma nova relação professor, aluno e intérprete.
Entendemos assim como Ferreira (2011) que o grande fator problema de surdos na escola é a falta de uma linguagem comum entre ele e seus colegas e professores. O ensino na escola regular segundo Botelho (2002), diz que a língua portuguesa é utilizada de forma total dentro da sala de aula nos processos de letramento, privilegiando estudantes ouvintes, o que exclui usuários de outras línguas, tais como os Surdos, usuários da Língua de Sinais Brasileira acarretando em fracasso escolar e evasão.
Sendo assim, compreendemos que as metodologias de ensino não são a barreira para o processo de inclusão de surdos nas escolas, visto que os mesmos não possuem deficiência cognitiva para o processo de ensino e aprendizagem, mas sim de como essa metodologia será empregada através de suas estratégias.
A realidade do espaço escolar, em sua grande maioria, possui professores não usuários da língua brasileira de sinais (libras), em sala de aula, com pouca ou nenhuma informação sobre cultura surda e por isso, apresentam dificuldades para buscar estratégias que permitem o acesso ao ensino. Nesse sentido, vamos comentar algumas situações e relações de comunicação nesse espaço.
A Ciência, em específico a Química, é um componente curricular que pode ter como aliado a pedagogia visual por apresentar muitos modelos, representações e permitir experimentos, sendo assim as pistas visuais podem facilitar o trabalho do professor.
 Na impossibilidade de fazer com que o aluno compreenda o que deseja, através da fala, a demonstração pode ser um recurso. É preciso tomar cuidado, no entanto, para que as estratégias de comunicação e de ensino não fiquem restritas a demonstração, sendo esta posição inconveniente tanto para ouvintes quanto para surdos. Mas estamos tratando das varias formas de comunicação que devem ser empregadas nesse espaço a fim de incluir surdos e ouvintes. Outro aspecto importante é explorar a expressão corporal, outros sentidos, juntamente com a visão, tais como o tato e olfato através de jogos e dinâmicas por exemplo.
O professor não usuário da libras, no entanto deve ter atenção ao se dirigir os alunos surdos na linguagem oral deve se manter de frente, falar corretamente, em ritmo moderado sem exagerar nos movimentos labiais.  Caso o professor saiba usar a língua de sinais, deve-se usá-la antes ou após a explicação em português não deixando essa função para o intérprete. O intérprete é um mediador, que poderíamos chamá-lo de catalizadores para o estudante surdo, pois acelera a comunicação atraves da libras, porém não deve participar diretamente da elaboração das estratégias de ensino criadas pelo professor, como apresenta um fluxograma abaixo. O importante é que os alunos surdos percebam que o professor se dirige também a eles e que se preocupam em fazer com que se sintam incluídos no grupo. 

Tais colocações na comunicação com o surdo colocam em igualdade de condições com os alunos ouvintes durante as atividades, aproximando no processo de inclusão, além de manter boas relações entre intérpretes - aluno - professor.  Porém, chamamos atenção que nem sempre as estratégias serão úteis em todas as atividades e essas informações não se tratam de uma receita. Os estímulos e estratégias de ensino devem variar e a comunicação deve se dar, tanto quanto possível, através de uma língua. 

Essas são as dicas de hoje na hora de fazer seu planejamento de aula e praticar ações em sala de aula, até mais pessoal!!


Referências:

FERREIRA, E. L. (Org.) . Atividade física, deficiência e inclusão escolar. 01. ed. Niterói: Intertexto, 2011. v. 06. 108p .
BOTELHO, P. Linguagem e Letramento na educação dos surdos - Ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

Vinícius Carvalho
Mestrando em Ensino de Química- PPGQ/UFJF
vinicius-scarvalho@hotmail.com