quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

ALGUMAS QUESTÕES QUE PERPASSAM OS DESAFIOS DO ENSINO DE QUÍMICA NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO DO ALUNO SURDO

O ensino de química muitas vezes segue o modelo tradicional, que se caracteriza pela memorização de inúmeras fórmulas por parte dos alunos sem relacioná-las com a forma natural que ocorrem no cotidiano. Como professores, sabemos que nossa preocupação não deve estar centrada apenas no conhecimento do conteúdo teórico, mas de igual modo na formação do aluno como cidadão, capaz de compreender e questionar os fenômenos que ocorrem em sua volta.
            Muitos pesquisadores defendem que para uma aprendizagem significativa em química é preciso fazer com que os alunos transitem entre os três componentes do chamado triângulo de Jonhstone (1973), representado na figura.


Infelizmente, o ensino de química na Educação Básica ainda tem se mostrado predominantemente tradicional, onde o docente é a figura central encarregado de transmitir o conhecimento. E ainda, essa transmissão acontece, sobretudo, oralmente. Os estudantes, passivos, assimilam o que lhe é transmitido e são avaliados posteriormente com ênfase em sua capacidade de memorização e reprodução do conteúdo. Assim, não somente para os estudantes surdos como também aos ouvintes, esse método de ensino e avaliação se mostra inconveniente.
Conforme Sousa e Silveira (2011) salientam, os alunos com surdez não recebem uma educação que podemos dizer “Para Todos”. Estes, excluídos e sentindo-se incapazes, muitas vezes desistem de seus estudos ainda na fase inicial. Não podemos cruzar os braços diante desse quadro, precisamos reagir e agir de forma responsável diante da realidade e diversidade da sala de aula.
Uma escola que inclui alunos surdos em seu ensino regular deve ter presente que compreender a surdez em seu sentido mais amplo equivale a conhecer o caráter visual do sujeito surdo, o qual se comunica através da Língua Brasileira de Sinais (Libras), dando-lhe o significado de “ser surdo”, ou seja, o de ser um sujeito que se utiliza de uma forma diferente de se comunicar e aprender.
No que diz respeito ao processo de aquisição de conceitos por indivíduos surdos, destacamos que além da oferta de educação em sua primeira língua, garantida por Lei sob força do decreto nº 5.626,  a utilização de recursos visuais como suporte para tal aquisição se apresenta como uma ferramenta em potencial em suas aprendizagens.
Urge construir o novo, criar o que é mais acessível visual, linguística e metodologicamente a fim de garantir de maneira responsável o ensino eficiente da química nas escolas e verdadeiramente inclusivo para os alunos surdos.



Referências:
SOUZA, S; SILVEIRA, H. E. Terminologias Químicas em Libras: A Utilização de Sinais na Aprendizagem de Alunos Surdos. Química Nova na Escola, fev. 2011, p.37-46.


JOHNSTONE, A. H. The development of chemistry teaching: a changing response to a changing demand. Journal of Chemical Education. V. 9, n. 70, p. 701-705, 1973.

Escrito por: Jomara Mendes Fernandes
Mestre em Ensino de Química
jomarafernandes@yahoo.com.br