O ensino de química muitas vezes segue o modelo tradicional,
que se caracteriza pela memorização de inúmeras fórmulas por parte dos alunos
sem relacioná-las com a forma natural que ocorrem no cotidiano. Como
professores, sabemos que nossa preocupação não deve estar centrada apenas no
conhecimento do conteúdo teórico, mas de igual modo na formação do aluno como
cidadão, capaz de compreender e questionar os fenômenos que ocorrem em sua
volta.
Muitos pesquisadores defendem que
para uma aprendizagem significativa em química é preciso fazer com que os
alunos transitem entre os três componentes do chamado triângulo de Jonhstone
(1973), representado na figura.
Infelizmente, o ensino de química na Educação Básica
ainda tem se mostrado predominantemente tradicional, onde o docente é a figura
central encarregado de transmitir o conhecimento. E ainda, essa transmissão
acontece, sobretudo, oralmente. Os estudantes, passivos, assimilam o que lhe é
transmitido e são avaliados posteriormente com ênfase em sua capacidade de
memorização e reprodução do conteúdo. Assim, não somente para os estudantes
surdos como também aos ouvintes, esse método de ensino e avaliação se mostra
inconveniente.
Conforme Sousa e Silveira (2011) salientam, os
alunos com surdez não recebem uma educação que podemos dizer “Para Todos”.
Estes, excluídos e sentindo-se incapazes, muitas vezes desistem de seus estudos
ainda na fase inicial. Não podemos cruzar os braços diante desse quadro,
precisamos reagir e agir de forma responsável diante da realidade e diversidade
da sala de aula.
Uma escola que inclui alunos surdos em seu ensino
regular deve ter presente que compreender a surdez em seu sentido mais amplo
equivale a conhecer o caráter visual do sujeito surdo, o qual se comunica
através da Língua Brasileira de Sinais (Libras), dando-lhe o significado de
“ser surdo”, ou seja, o de ser um sujeito que se utiliza de uma forma diferente
de se comunicar e aprender.
No que diz respeito ao processo de aquisição de
conceitos por indivíduos surdos, destacamos que além da oferta de educação em
sua primeira língua, garantida por Lei sob força do decreto nº 5.626, a utilização de recursos visuais como suporte para tal aquisição se
apresenta como uma ferramenta em potencial em suas aprendizagens.
Urge construir o novo, criar o que é mais acessível
visual, linguística e metodologicamente a fim de garantir de maneira
responsável o ensino eficiente da química nas escolas e verdadeiramente
inclusivo para os alunos surdos.
Referências:
SOUZA, S; SILVEIRA, H. E.
Terminologias Químicas em Libras: A Utilização de Sinais na Aprendizagem de
Alunos Surdos. Química Nova na Escola,
fev. 2011, p.37-46.
JOHNSTONE, A. H. The development of chemistry
teaching: a changing response to a changing demand. Journal of Chemical Education. V. 9, n. 70, p. 701-705, 1973.
Escrito por: Jomara Mendes Fernandes
Mestre em Ensino de Química
jomarafernandes@yahoo.com.br
Mestre em Ensino de Química
jomarafernandes@yahoo.com.br