Prezados leitores,
Muito nos
preocupamos ao nos depararmos com tantas barreiras a serem superadas em prol da
verdadeira educação dos nossos alunos surdos. Muitas mudanças ainda para acontecer na
sociedade, na escola, na formação do professor. É preciso muito avançar em
conscientização em todos os âmbitos da sociedade.
Cabe aqui
parabenizar toda a força da Comunidade Surda por tantos direitos já
conquistados, que com as mãos vencem o silêncio e juntos fazem valer seu espaço
dentro da sociedade. Por isso mesmo, esses indivíduos estão cada vez mais nas
escolas ansiando por uma educação de qualidade.
E, como professores, precisamos estar antenados, precisamos colocar a
mão na massa, contribuir, lutar, criar o novo, agir diferente e com
responsabilidade diante do trabalho junto a esses alunos.
De um modo
geral, para os surdos alfabetizados em Libras, não ter vocabulário costuma ser
considerado um dos problemas centrais (BOTELHO, 2002). Assim, não ter um
vocabulário, interfere diretamente na construção de conhecimentos e negociação
de sentidos de conceitos científicos. Este fato contribui para tornar ainda
mais difícil o processo de ensino-aprendizagem de qualquer ciência.
Em
sala de aula, a falta de sinais específicos em libras para expressar
determinados conceitos interfere na compreensão do conteúdo ministrado. Se o estudante surdo não se comunica eficientemente, em
sala e na sociedade, a essência do processo educativo fica comprometida. Diante
disso, o estudo do desenvolvimento de terminologias químicas em Libras mostra-se
uma área de extrema importância para o processo de aprendizagem de química por
estudantes surdos e, infelizmente, uma área que se encontra ainda pouco
explorada.
Lembro
aqui que a criação de um novo sinal precisa acontecer junto a surdos
e
profissionais da área de conhecimento do sinal elaborado. É importante também que
esses sinais sejam devidamente validados e divulgados para o uso de todos os interessados. Ao
ensinar química, matemática, física, ciências em geral para surdos, sempre nos
deparamos com ausência de sinais.
Para que os estudantes surdos tenham o acesso facilitado
aos conteúdos químicos, destaco que é necessário voltar todos os esforços
possíveis na elaboração e divulgação de trabalhos com foco no desenvolvimento
de terminologias científicas específicas em Libras.
Minha
intenção ao abordar essa temática através do presente texto é o de fomentar
discussões, apontar essa urgente necessidade. Vamos vestir a camisa, colocar a
mão na massa! Professores, vamos divulgar nossas experiências junto a nossos
alunos surdos, assim poderemos contribuir com a prática de outros professores e
avançar na direção do sucesso escolar desses discentes.
Para Saber Mais...
BOTELHO, P. Linguagem e
Letramento na educação dos surdos - Ideologias e práticas pedagógicas. Belo
Horizonte: Autêntica, 2002.
SOUZA, S; SILVEIRA, H. E. Terminologias
Químicas em Libras: A Utilização de Sinais na Aprendizagem de Alunos Surdos. Química
Nova na Escola, 2011, p.37-46.
GOMES, M. F. Estratégia
Bilíngue (Português/Libras) para o Ensino do Tema Condutividade Elétrica.
TCC, Instituto Federal de Santa Catarina, São José, 2014.
SALDANHA, J. C. O ensino de Química em Língua
Brasileira de Sinais. Dissertação, UNIGRANRIO, Duque de Caxias, 2011.
Por: Jomara Mendes Fernandes
Mestre em Ensino de Química
jomarafernandes@yahoo.com.br
Mestre em Ensino de Química
jomarafernandes@yahoo.com.br