terça-feira, 27 de outubro de 2015

Química e Surdez: a importância das terminologias científicas em Libras

Prezados leitores,

Muito nos preocupamos ao nos depararmos com tantas barreiras a serem superadas em prol da verdadeira educação dos nossos alunos surdos. Muitas mudanças ainda para acontecer na sociedade, na escola, na formação do professor. É preciso muito avançar em conscientização em todos os âmbitos da sociedade.

Cabe aqui parabenizar toda a força da Comunidade Surda por tantos direitos já conquistados, que com as mãos vencem o silêncio e juntos fazem valer seu espaço dentro da sociedade. Por isso mesmo, esses indivíduos estão cada vez mais nas escolas ansiando por uma educação de qualidade.  E, como professores, precisamos estar antenados, precisamos colocar a mão na massa, contribuir, lutar, criar o novo, agir diferente e com responsabilidade diante do trabalho junto a esses alunos.

De um modo geral, para os surdos alfabetizados em Libras, não ter vocabulário costuma ser considerado um dos problemas centrais (BOTELHO, 2002). Assim, não ter um vocabulário, interfere diretamente na construção de conhecimentos e negociação de sentidos de conceitos científicos. Este fato contribui para tornar ainda mais difícil o processo de ensino-aprendizagem de qualquer ciência.

Em sala de aula, a falta de sinais específicos em libras para expressar determinados conceitos interfere na compreensão do conteúdo ministrado. Se o estudante surdo não se comunica eficientemente, em sala e na sociedade, a essência do processo educativo fica comprometida. Diante disso, o estudo do desenvolvimento de terminologias químicas em Libras mostra-se uma área de extrema importância para o processo de aprendizagem de química por estudantes surdos e, infelizmente, uma área que se encontra ainda pouco explorada.

Lembro aqui que a criação de um novo sinal precisa acontecer junto a surdos 
e profissionais da área de conhecimento do sinal elaborado. É importante também que esses sinais sejam devidamente validados e divulgados para o uso de todos os interessados. Ao ensinar química, matemática, física, ciências em geral para surdos, sempre nos deparamos com ausência de sinais. 

Para que os estudantes surdos tenham o acesso facilitado aos conteúdos químicos, destaco que é necessário voltar todos os esforços possíveis na elaboração e divulgação de trabalhos com foco no desenvolvimento de terminologias científicas específicas em Libras.

Minha intenção ao abordar essa temática através do presente texto é o de fomentar discussões, apontar essa urgente necessidade. Vamos vestir a camisa, colocar a mão na massa! Professores, vamos divulgar nossas experiências junto a nossos alunos surdos, assim poderemos contribuir com a prática de outros professores e avançar na direção do sucesso escolar desses discentes.

Para Saber Mais...

BOTELHO, P. Linguagem e Letramento na educação dos surdos - Ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
SOUZA, S; SILVEIRA, H. E. Terminologias Químicas em Libras: A Utilização de Sinais na Aprendizagem de Alunos Surdos. Química Nova na Escola, 2011, p.37-46.
GOMES, M. F. Estratégia Bilíngue (Português/Libras) para o Ensino do Tema Condutividade Elétrica. TCC, Instituto Federal de Santa Catarina, São José, 2014.
SALDANHA, J. C. O ensino de Química em Língua Brasileira de Sinais. Dissertação, UNIGRANRIO, Duque de Caxias, 2011.


Por: Jomara Mendes Fernandes
Mestre em Ensino de Química
jomarafernandes@yahoo.com.br