Olá caros leitores, hoje vamos
saber a história de uma estudante surda que motivou um grupo de profissionais a
criar um projeto que tivesse um ensino de química voltado ao aluno surdo.
Depoimento...
Tudo começou em 2012, eu estava
no 9° ano do ensino fundamental, quando fui visitar um espaço com a escola que
chamava Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora. Tinha uma
exposição acontecendo que chamava “Cadê a Química?“. Era uma casa, onde tinha
explicações de química pela casa inteira e eu não entendia nada. Primeiro
porque os mediadores falavam rápido e minha mãe que era intérprete se perdia em
vários termos próprios da química. Esses termos próprios não tinham sinais e
isso dificultava a comunicação em língua brasileira de sinais, pois ela
precisava explicar tudo detalhadamente para que eu pudesse compreender, sendo
assim, a comunicação era bem mais lenta.
Pois bem, eu e minha mãe chamamos
o diretor do espaço para propor um projeto que ensinasse química para surdos.
Sabíamos que na escola regular esses projetos não recebem incentivos e também
não apresentam condições para existirem. Entretanto, na universidade sim,
teríamos uma chance. Pois bem, foi quando o diretor do espaço aceitou e montou
um projeto para atender o surdo.
Comecei a assistir às aulas e
participei do mesmo até a conclusão do ensino médio que me levou a graduação em
Letras – Libras da Universidade Federal de Juiz de Fora. Todo esse esforço me
coloca hoje como bolsista voluntária para auxiliar novos alunos surdos, que assim como
eu, passam por sérias dificuldades dentro da escola regular para um ensino que
de fato nos inclua. O projeto de ensino de química para alunos surdos é muito
importante, por que na escola esse ensino não é maravilhoso, digo a didática
não é acessível. Não temos um jogo que nos inclua ou quando a aula é diferente,
apresenta um experimento, o professor não sabe explorar os detalhes visuais que
nos aguça.
O projeto apresenta
acessibilidade para ensinar, é claro, bastante visual e tem um professor de
química que tem comunicação em libras, que faz muita diferença no processo de
ensino aprendizagem. A sensibilidade do professor ajuda a criar jogos de
química, dinâmicas, pois ele compreende a vida do surdo e nossa cultura.
Para finalizar, quero chamar atenção de
professores que aprendam Libras, e que se possível, criem mais projetos como
esse, que tenha somente alunos surdos em sala de aula com uma atenção voltada
para alunos surdos. Aluno surdo não tem mais dificuldade, só não um ensino
acessível para aprender.
...
Esse depoimento nos faz refletir sobre vários pontos que permeiam a educação de surdos, tais como a formação de professores de química, a gestão escolar, as dificuldades em terminologias próprias da química em Libras, e outras tantas que dizem respeito aos aspectos culturais do povo surdo que não são explorador e mencionados dentro da escola regular. Tudo que foi comentado pela aluna mostra que os alunos recorrem a espaços extra escolares que apresentam disponibilidade para promover um ensino acessível e de qualidade aos surdos. Nesse sentido, devemos repensar, qual o nosso papel como escola?
Abraços e até a próxima!!
Mirella Pena –
Graduanda de Letras- Libras da UFJF.
Vinícius S Carvalho-
Mestrando de Ensino de Química pelo PPGQ/UFJF.