segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O surdo: Algumas questões iniciais

Olá caro amigo, hoje a leitura é para você que quer conhecer um pouco mais sobre o Surdo e alguns processos que reforçam sua identidade e cultura.

Muitas pessoas se perdem em terminologias para se referir à pessoa surda. É comum escutarmos de ouvintes alheios os termos surdo-mudo, mudo ou deficiente auditivo, pois acreditam que chamá-lo de Surdo imprima mais preconceito.  Para esse grupo social, a carga semântica empregada no significado de cada palavra faz muito sentido e não aprovam os termos supracitados, preferem ser chamados de SURDOS.  O termo deficiente, adotado devido a um processo histórico no qual o surdo é interpretado apenas pelo estereótipo em uma visão clínico terapêutico. Encarar o surdo apenas por uma perspectiva fisiológica exclui ao surdo o reconhecimento da dimensão política, lingüística, social e cultural da surdez.

Os termos “mudo” ou “surdo-mudo” também são bem empregados por grande parte da população leiga. Tais termos são incorretos, pois existem surdos que podem falar, se quiser, através de aulas com o aparelho fonador. Existem surdos que são oralizados e os que preferem não ser, essa situação não nega o uso da língua de sinais.

Muitas pessoas pensam que o intérprete é a voz do surdo. O mesmo tem papel importante nas interações entre surdos e ouvintes que desconhecem a LIBRAS. Porém a língua de sinais é a língua oficial do surdo, pois constrói identidades, promove relações sociais, desenvolve aspectos lingüísticos e se faz presente no meio que vivemos tendo voz para ter consciência na tomada de decisão. Sendo assim, atribuir ao  intérprete de libras a responsabilidade de educar, ensinar conteúdos em sala de aula, atividades básicas como comprar um material, reforça a crença que o surdo não tem língua.

Então caros leitores, por hoje é isso e concluo nossa reflexão com os dizeres de Gertrudes Stein, uma surda alemã, que sinalizou em 1969 uma mensagem sobre quem é o surdo.

“É muito natural, alguns ouvem com mais prazer com os olhos do que com os ouvidos. Eu ouço com os olhos.”
Referência:

GESSER, A, O Surdo. In: GESSER, A. Libras? Que língua é essa? São Paulo: Parábola,2009 (capítulo 2).

Vinícius Carvalho
Mestrando em Ensino de Química- UFJF/PPGQ
vinicius-scarvalho@hotmail.com

Um comentário:

  1. Muito bom o texto Vinícius...e esta referência que você usou é muito boa para quem está começando os estudos na área da Libras!

    ResponderExcluir